Crítica | “Era Uma Vez Um Sonho” (2020)

A Netflix investiu bastante nessa temporada de premiações, as expectativas estavam altas para a maiores dos filmes que a gigante do streaming estava guardando para o final de 2020, mas a qualidade dos longas tem sido bem aquém do que se esperavam. Um deles foi o novo filme do diretor Ron Howard Era Uma Vez Um Sonho (Hillbilly Elegy).

A produção adapta o tão falado livro autobiográfico de mesmo nome de J.D Vance que conta a história da sua família se mudam de Kentucky para Ohio na esperança de viver uma nova vida longe da pobreza. Quando JD. cresce e se torna um estudante de direito na universidade de Yale, ele é obrigado a retornar à sua cidade natal para cuidar da sua mãe (Amy Adams) com seus problemas com drogas e alcoolismo.

O filme ignora completamente toda a carga política que existe do livro do J.D. Vance que mostra como essas pessoas da região dos Apalaches se sentiam esquecidos pelo governo americano durante vários anos como a região não acreditava mais no partido democrata e que compraram toda a ideia de Donald Trump nas eleições americanas de 2016 de que os imigrantes estão roubando seus empregos e de que são um perigo à população norte-americana.

Com tudo isso eles excluem o aspecto econômico, social e político e transformaram a história num melodrama barato de telefilme. Sinto que eles fizeram esse filme pensando primeiro em prestigio nas premiações e em indicações ao Oscar (que eu acho que merece para a equipe de maquiagem), mas foi tudo por água abaixo, o filme não sabe aonde encaixar os flashbacks, não sabe quando precisa, não sabe aonde usa a narração, a trilha sonora do Hans Zimmer e David Fleming é sem inspiração, a fotografia tenta sempre pegar aquele enquadramento do rosto da atriz, o chamado “close do Oscar“, mas fica muito exagerado sem qualquer naturalidade ajudando só no show de exageros que é esse filme.

Na parte das atuações é a grande decepção e com que faz ser o grande desastre de Era Uma Vez um Sonho, Glenn Close é a única que se esforça para não se juntar à coleção de cagadas que é Hillbilly Elegy, já não se pode dizer o mesmo da Amy Adams, ela está o tempo inteiro gritando, todas as quatro cenas “dramáticas” dela que originalmente era pra ser sério e dignas de indicação ao Oscar, no final acabam sendo engraçado e cômica, fico triste de que uma atriz que já foi comprovável ter um potencial enorme na atuação esteve disposta a se sujeitar à isso.

A adaptação de Hillbilly Elegy é ridícula, frustrante, um Oscarbait total que reforça estereótipos e nos faz pensar no que poderíamos ter feito de melhor depois das duas horas passadas.


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