Antes de mais nada, um grande aviso: ESTE POST CONTÉM SPOILERS! Agora vamos a nossa crítica:
Posso afirmar com sinceridade que este curta certamente foi um dos que mais me fez chorar em toda a minha vida. As lágrimas vieram naturalmente, a partir de um certo ponto e até o fim não pararam. Se você for chorão que nem eu, esteja avisado! Prepare o lencinho, pois lágrimas vão cair bastante!
No início, tudo parece uma briga de casal mal resolvida. O marido senta em um canto da mesa e a esposa no outro, sem se comunicarem diretamente. Em cima, sombras simbolizam a interação turbulenta de ambos e de fato pode-se deduzir que houve até certo ponto uma briga. Eu já comecei a ficar angustiada daí, pois achava que algo terrível aconteceria a um deles, uma morte ou quem sabe.
Passam-se 5 minutos de silêncio acompanhado de sombras em movimento, até que a esposa vai até a lavanderia e encontra uma blusa, parecendo de criança. O que me chamou a atenção (e claro que houve uma produção proposital disto) é que tudo neste curta animado, desde os personagens ao ambiente, é retratado em tons cinzentos e melancólicos, por meio de um traço meio primitivo. A camisa infantil, no entanto, é de um azul vívido. Imediatamente associei a uma criança falecida. De fato, estava correta.
O casal possui um gatinho, que neste momento liga um toca-discos antigo, e a mãe imediatamente caminha em direção ao som, entrando no quarto de sua antiga filha. A partir deste momento, não parei mais de chorar. O marido também entra no quarto e o casal relembra, por meio de sombras, as emoções alegres vividas em família. É de partir o coração de qualquer um.
A trilha sonora pesa bastante, também. Ela se encaixa perfeitamente com os tons melancólicos do curta e, como não há a presença de diálogos, a música (e suas variações) é a única responsável pela emoção sonora do curta. Diga-se de passagem, ela cumpre muito bem o seu papel.
Agora vamos para o momento que mais me chocou. Como pudemos perceber, o curta segue uma ordem cronológica inversa, certo? Inicia no presente e vai relembrando memórias do passado. Em uma dessas memórias, mostra a filha do casal indo para a escola e, até aí, tudo na paz. As sombras dos pais (isto ficou na minha cabeça) rodeiam a filha enquanto ela caminha para a escola e interpretei que o casal provavelmente era exageradamente super protetor com a criança.
Então, dentro da escola, aparece o segundo único objeto colorido deste curta: uma bandeira dos Estados Unidos. Ao fundo? Tiros, gritos, desespero ensurdecedor. É uma cena de tirar o fôlego, pois somente com isto podemos imaginar do que se trata. Logo em seguida, descobrimos o que originou o título da produção: uma mensagem de texto, escrita pela garota minutos antes de sua morte no tiroteio. É quase impossível não chorar nessa cena, visto que estas matanças escolares assombram os Estados Unidos por mais de décadas, produzindo incontáveis vítimas. Desde 2010, foram mais de 530 vítimas só desses ataques.
O curta não tem exatamente um final feliz, isso eu te garanto, mas ao menos o casal se reconcilia e passam a conviver melhor com os traumas originados desta repentina perda. Quando terminei de assistir, imediatamente me levantei do sofá e fui abraçar meus pais, pois ele nos mostra o quanto precisamos dar valor aos preciosos momentos em que estamos com nossos entes queridos.
São 12 minutos bastante emocionantes, assinados pela direção de Michael Govier e William McCormack. O curta ainda foi indicado ao Oscar de Melhor Curta-Metragem de Animação e tem sido considerado um dos favoritos para levar a estatueta de ouro. Vale muito a pena conferir!
The Geek 
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