Crítica | ‘O Esquadrão Suicida’ e a liberdade criativa de James Gunn ao máximo

Durante muitos anos, uma característica que a Warner Bros. sempre propagava em suas produções seja em entrevistas ou em release para imprensa, de que a total libedarde criativa que os diretores tinham com seus projetos era respeitada, por mais que soubéssemos que isso seja só um jeito para não dizer ao público que o filme terá o maior controle possível do estúdio, e de que o filme não seria 100% do seu realizador e sim dos produtores, em alguns casos realmente a liberdade criativa do realizador é respeitada pelo estúdio e na franquia do “Universo Estendido da DC Comics” ou DCEU tem vários exemplos, quando esse universo começou em “O Homem de Aço” de 2013, a Warner deu total liberdade para Zack Snyder impor a sua visão sobre um dos heróis mais importantes da editora, inclusive tirando uma característica crucial que nunca tinha-se usado de forma tão explícita no cinema. E assim essa liberdade continuou em “Batman vs. Superman: A Origem da Justiça” de 2016, apesar dos executivos do estúdio não estarem satisfeitos com os rumos desse caminho feito por Snyder; Mais isso é uma outra história que já foi resolvida esse ano.

Confira a Crítica de “Liga da Justiça de Zack Snyder”

No caso de “Esquadrão Suicida” de 2016 dizia-se que o diretor e roteirista David Ayer tinha total liberdade na produção, tanto é que em dias antes e até depois da estreia do filme ele dizia que o filme que está nos cinemas era 100% dele, mas não era exatamente isso. A produção passou por vários perrengue desde do começo como imposições do estúdio para que houvesse mudanças no roteiro, refilmagens para incluir mais alívios cômicos, montagem feita por uma empresa especializada em editar trailers, trailers completamente diferentes um do outro, inserção de músicas à rodo sem nenhum sentido com o que tá sendo mostrado na tela, além de personagens que não fariam falta, em resumo o filme acabou se tornando uma completa bagunça finalizando com aquele roteiro que já era uma porcaria.

Divulgação: Warner Bros. Pictures

Mas em “O Esquadrão Suicida” de James Gunn se mostra o contrário, assim como Ayer o diretor e roteirista disse que teve total liberdade da Warner Bros dentro do seu filme, mas o diferencial que realmente você consegue ver que sim um filme 100% do James Gunn. Nesta sequência, a premissa é a mesma usada do filme de 2016, onde Amanda Waller (Viola Davis) recruta um grupo de criminosos para realizar missões ultrassecretas para o governo americano, nessa nova missão, a Força Tarefa X tem como objetivo se infiltrar na ilha de Corto Maltese na América do Sul para eliminar qualquer evidência do chamado Projeto Estrela do Mar que ameaça a segurança do mundo e, em troca, os prisioneiros terão suas penas diminuídas.

Com o fato de já estarmos familiarizado com o conceito do Esquadrão, da uma introdução mais dinamica e no início Gunn já coloca o abraça o caos, a violência gráfica e o gore que vai se estender durante as mais de duas horas de duração, justificando a classificação Rated R (maiores de 16 anos), embora “O Esquadrão Suicida” não ignora nem o filme anterior, nem o seu derivado (Aves de Rapina), o novo filme acerta ao não tentar ser sério como seu antessessor fez e abraçar a galhofa, as cores, os uniformes coloridos rídiculos, o fato da grande ameaça de ser uma estrela do mar alienígena já um meio de mostrar essa aceitação. A DC sempre foi famosa pelos seus filmes com teor sério, sombrios, tentando ser realista na medida do possível que foi estabelecido na mente do público pela trilogia “O Cavaleiro das Trevas” de Christopher Nolan e nos últimos filmes a DC está se disvinculando aos poucos dessa imagem desde “Mulher-Maravilha” até o recente trabalho de James Gunn e tomara que continuem cada vez mais.

Divulgação: Warner Bros. Pictures

Nos personagens temos o retorno da Alerquina de Margot Robbie mais uma vez para dar o ar de sua graça, continua cheia de carisma com inocência, combinando com uma sequência de ação memorável que eleva mais a personagem, a atriz já disse que ficará um tempo sem interpreta a personagem, esperamos que seja uma pausa breve. Já Idris Elba tem um trabalho díficil já que no início da produção, o ator seria o substituto de Will Smith para o Pistoleiro, mas o seu Sanguinário funciona como um líder da missão, também com um dilema com a sua filha mas com um desenvolvimento melhor com uma personalidade própria e mais séria do que o Pistoleiro de Smith, o roteiro brinca com o fato de ser um “Pistoleiro genérico” ao adcionar o Pacificador que possui as mesmas habildades de só que melhor, criando uma rixa bastante cômica ao longo do filme. John Cena parece está meio duro em todas as cenas como Pacificador, mas ele cumpre o papel de ser um empregadinho do governo que cumpre tudo que seus superioses mandam, o que dar uma certa disconfiança com o ator já que temos a série do Pacificador já confirmada para o HBO Max e será que ele vai segurar por 8 episódios?; só saberemos em 2022.

Divulgação: Warner Bros. Pictures

O Coronel Rick Flagg (Joel Kinnaman), Bolinha (David Dastmalchian), o Tubarão Rei (com a voz de Sylvester Stallone) e a Caça-Ratos 2 (Daniela Melchior) completam o time do Esquadrão que acompanhamos durante a rodagem do filme, e diferente o anterior onde um senso de família entrava de uma maneira forçada entre o Esquadrão, aqui com o roteirista acostumado em humanizar personagens com caráter dúbios já mostrados na franquia dos Guardiões da Galáxia, Gunn consegue misturá o drama dos personagens com o humor trazendo caraterísticas paternas que ele usou em “Guardiões da Galáxia Vol. 2”, fazendo com que tenhamos empatia com os vilões, dandos finalmente a sensação organica de família que o filme queria desde do primeiro filme.

Com o caos e o gore dominado nas 2 horas e 12 minutos, “O Esquadrão Suicida”, é com certeza, o filme mais caótico e mais carísmatico de James Gunn e também seu melhor trabalho com adaptações de quadrinhos, desde da inserção das músicas bem mais equilibradas do que o primeiro, com uma playlist que vai de Johnny Cash à Karol Conká misturando elementos tão distantes quanto à uma ex-piscologa maluca, um criminoso que quase matou o Superman, um Capitão América babaca, um Tubarão humanóide, uma flautista de Hamelin millennial e um estranho que vê a mãe em todo mundo, tudo isso poderia dar errado, mas com a delicadeza e com a total liberdade criativa sem nenhuma amarra do estúdio, acabou se tornando um dos melhores filmes desse Universo Estendido da DC Comics.

O Esquadrão Suicida” já está em cartaz nos cinemas brasileiros e em 10 de setembro estará disponível no catálogo do HBO Max Brasil.

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