Crítica | ‘Stranger Things 4’ (2022): é boa, porém faltou ousadia

ATENÇÃO: Este artigo contém spoilers do Volume 1 e 2.

Após três anos sem nenhuma temporada da maior série da Netflix, Stranger Things finalmente retornou com 9 episódios, sendo que o último tem a duração de um filme (2 horas e 22 minutos). Se tornando a maior temporada da série.

Enquanto nós esperamos três anos para ver a continuação, para os nossos personagens se passaram apenas oito meses (se você assistir as quatro temporadas de uma vez, com certeza irá notar o crescimento dos atores, mesmo que supostamente dentro da série eles não tenham envelhecido tanto assim). Nesta temporada, haviam muitas pontas soltas que foram mostradas no final da 3ª temporada para se amarrarem.

Ao longo dos 9 episódios, acompanhamos quatro grupos diferentes: O de Hawkins, Califórnia, Rússia e todo o arco da Eleven (Millie Bobby Brown). A série está BEM dividida, o formato dos episódios sempre era alternando entre esses quatro grupos, o que às vezes pode ter deixado a dinâmica da série um pouco fraca. Sendo que muitas vezes demorava bastante para voltarmos a ver um certo grupo, já que havia essa divisão e era preciso mostrar o que cada núcleo estava fazendo.

O Plot

Joe Keery, Gaten Matarazzo, Sadie Sink, Maya Hawke, Natalia Dyer e Caleb McLaughlin em imagem promocional da série/Reprodução: Netflix 

O marketing da série estava dizendo que era ‘’o início do fim’’, e é exatamente isso. Acontece muitas vezes de séries chegarem na reta final e se perderem totalmente. Ao invés de responderem às perguntas apenas fazem mais, mas aqui não! A série entende que o fim está chegando e a 4ª temporada toda abre espaço para isso.

A 4ª temporada é mais um excelente complemento à série. O roteiro é excelente em focar em plots que realmente importam como: todo o arco de Eleven em descobrir como tudo começou e conhecer a história de 001/Henry Creel (Jamie Campbell Bower) que mais tarde é revelado ser o vilão Vecna mas também peca em deixar personagens um pouco perdidos na trama e serem menos relevantes em muitos episódios como é o caso do grupo da Califórnia composto por Will (Noah Schnapp), Mike (Finn Wolfhard), Jonathan (Charlie Heaton) e Argyle (Eduardo Franco), que inclusivamente nem aparecem no último episódio do Volume 1.

Aqui, nós voltamos para os eventos que se passam antes da 1ª temporada e vemos muito mais da história da Eleven enquanto ela estava no laboratório de Hawkins e compreendemos toda a sua mitologia e ao mesmo tempo a história do Mundo Invertido. Descobrimos como tudo começou. Mas ainda existem muitas perguntas a serem respondidas, como por exemplo: ‘’Como surgiu o Mundo Invertido?’’. 

Também vemos a situação de Hopper (David Harbour) como um prisioneiro na União Soviética enquanto Joyce (Winona Ryder) e Murray (Brett Gelman) tentam encontrar uma maneira de resgatá-lo. Este grupo e o da Califórnia foram os menos interessantes, na minha opinião, por se distanciar bastante da trama envolvendo o Vecna e o Mundo Invertido.

E claro, o melhor grupo deles todos foi o de Hawkins. Neste, acompanhamos Dustin (Gaten Matarazzo), Lucas (Caleb McLaughlin), Max (Sadie Sink), Steve (Joe Keery), Nancy (Natalia Dyer), Robin (Maya Hawke), Eddie (Joseph Quinn) e entre outros. Se tratando do grupo que estava diretamente conectado ao Vecna e o Mundo Invertido, foi bem mais interessante toda vez que eles apareciam em cena. 

Jamie Campbell Bower como o vilão Vecna/Reprodução: Netflix

É revelado que Vecna é quem está por trás de tudo, inclusivamente atrás do Devorador de Mentes (pessoalmente meu vilão favorito da série) e que foi ele quem construiu a mente coletiva do Mundo Invertido, comandando tudo. É uma excelente construção de personagem e é um excelente vilão, de aterrorizar mesmo. Principalmente pela maneira brutal que captura as suas vítimas. 

Como sempre, os atores são impecáveis. Porém, é uma pena que Will e Mike tenham perdido bastante protagonismo e relevância nessa temporada, em comparação às outras. Espero que na 5ª temporada, já que todos os grupos se reuniram, todos voltem a ter um papel importante e que os escritores saibam dividir a relevância de cada um.

Tem que ter coragem, irmãos Duffer! 

E coragem foi o que eles não tiveram! Muito se especulava sobre quem iria morrer nesta temporada, muito se falava sobre Steve, que é muito querido entre os fãs, ou Max, tendo em conta todo o papel que lhe é dado nesta temporada. Mas não, a grande morte da temporada é… Eddie Munson (Joseph Quinn).

Não me levem a mal, é uma morte triste mas… é igual todas que já tivemos. O padrão se mantém. Os Duffer introduzem um personagem na temporada e o matam na mesma, já aconteceu com Bob, Alexei e agora Eddie. Apesar de serem personagens bastante carismáticos e que conquistaram o público em poucos episódios, o impacto nunca será o mesmo que matar um personagem principal. 

Essa era a temporada perfeita para acabar com uma morte de impacto, eles QUASE chegam lá, mas voltam atrás e deixam Max em coma, pois a 5ª temporada será a última e seria um belo gancho. Não apenas isso, mas como as motivações dos personagens de matarem o Vecna estariam em seu ápice. Acredito que uma morte de Max logo no início da 5ª temporada iria ser muito ousado e ajudaria a trama a seguir em frente. 

Para não falar do bait dos irmãos, que dias antes da estreia do Volume 2 disseram que haveria um body count no último episódio e essa contagem nada mais é do que 22 habitantes que morreram durante o ‘’terremoto’’…

Duração longa atrapalhou?

Eduardo Franco, Charlie Heaton, Millie Bobby Brown, Noah Schnapp e Finn Wolfhard em Imagem Promocional/Reprodução: Netflix

Eu acredito que não. Quando foi anunciado a duração dos episódios, me assustei. Principalmente com a do episódio final, que é praticamente um filme. Apesar de achar que os episódios foram bem conduzidos e fluídos, o último episódio poderia ter sido dividido em dois.

Os três anos de espera valeram a pena. Os atores continuam a entregar uma performance impecável, o design de produção, cinematografia e direção continuam impecáveis. Faltou ousar mais, principalmente nas mortes. Os Irmãos Duffer precisam sair da zona de conforto e começar a matar personagens principais. Chegar na 5ª temporada com a maioria vivo não é um luxo que muitas séries se dão o prazer de ter.

A temporada tem um belo gancho final, com o Mundo Invertido colidindo com o mundo real, mal posso esperar para saber o desfecho da série e ver como será a dinâmica na próxima temporada.

As quatro temporadas de Stranger Things se encontram disponíveis para streaming na plataforma da Netflix.


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