Crítica | ‘Os Banshees de Inisherin’ (2022): Um grande filme sobre uma pequena história

Pádraic Súilleabháin (Colin Farrell), um doce e simples homem do campo que vive como um fazendeiro em uma fictícia ilha remota na costa chamada Inisherin no período da Guerra Civil Irlandesa e leva uma vida simples que não pede muito da vida, e dá exatamente isso em troca. Colm Doherty (Brendan Gleeson), um violinista amador, mas obsessivo, na faixa dos 60 anos e convencido de que lhe restam exatamente 12 anos de vida, e amigo de longa data de Pádraic.

Eis que um dia, Colm decide terminar de repente a sua amizade com um “Eu simplesmente não gosto mais de você.” Pádraic não se conforma com o término e decide reparar o relacionamento danificado por todos os meios necessários.

Com esse conto macabro sobre o fim repentino de uma amizade, “Os Banshees de Inisherin” consegue render desenvolvendo comédia super bem estruturado repleto de humor eriçado e momentos repentinos de violência. Esse novo filme reúne o mesmo trio de “Na Mira do Chefe“, Colin Farrell, Brendan Gleeson e o diretor e roteirista Martin McDonagh, agora mais amadurecidos percebe-se que os três estão mais uma vez em sintonia aqui.



O roteiro de McDonagh usa da comédia como peça fundamental para a transição para o início a escalada de absurdos que acontece com Pádric e Colm, elevando a história surrealista para um lugar onde todos os elementos exagerados funcionam virando uma tragicomédia emocionante na qual o desejo de liberdade de um homem desencadeia uma série de represálias que só podem terminar em um impasse ou autoimolação.

O filme pode ser lido como uma análise de McDonagh sobre uma fábula absurdista irlandesa baseado na herança cultural de sua ascendência irlandesa. O filme proporciona ao espectador uma conexão alguns dos elementos apresentados, desde dos personagens, lugares, e ambientes que fazem você ficar íntimos daquele local. Ao longo de ‘Os Banshees de Inisherin’, McDonagh flerta conscientemente com o absurdo e o grotesco, com doses seguras de violência, construindo o suspense.

O design de Mark Tildesley é rico em detalhes, desde a casinha de Pádraic e Siobhán até o antigo pub e a casa de campo de Colm, com suas paredes cheio de instrumentos musicais, máscaras, fantoches e outras descobertas artísticas que falam de seus interesses culturais. A fotografia do longa assinada por Ben Davis aproveita as lindas paisagens da Irlanda e ajudam a temos familiaridades com os personagens envolvidos, e trilha sonora de Carter Burwell varia em tons de humor numa de suas mais adoráveis trilhas.



McDonagh é afiado para os diálogos saborosos e a dupla Farrell e Gleeson são perfeitos ao acompanharem o ritmo do roteiro, e a conexão casual entre eles nunca é menos do que um puro prazer. Colin Farrell traz mais uma grande atuação para coroar o ano de 2022 com performances de destaque (Pinguim em The Batman, e After Yang da A24, e agora) e Brendan Gleeson é perfeito para mostrar os riscos e ampliar consequências dos atos que Pádraic causam ao seu personagem.

Os coadjuvantes cumprem seus papeis que são necessários, com destaques à Kerry Condon interpretando Siobhán, irmã de Pádraic e Barry Keoghan interpretando Dominic, o filho do policial da ilha, que é considerado por muitos como o mais burro da ilha, os dois possuem ótimos momentos em tela e ajudam a movimentar a trama principal.

Com boas atuações que justificariam indicações a prêmios, e a outras categorias como ‘design de produção’ a roteiro e direção, ‘Os Banshees de Inisherin’ é o trabalho mais comovente de McDonagh, abordando uma pequena história com uma leveza enganosa, mas pode acabar caiu no consenso dos votantes nas premiações.

Os Banshees de Inisherin estreia em 9 de fevereiro nos cinemas brasileiros.

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