Análise com Spoilers | ‘The Last of Us’ S01E01: “When You’re Lost in the Darkness”

Uma das séries mais aguardadas do ano chegou quebrando a HBO Max, vários espectadores que estavam no anseio de assistir ao piloto tiveram dificuldades na hora do lançamento, mas a série de “The Last of Us” começa de um jeito diferente para os que esperarão por ação correria e terror no primeiro episódio, mas para os jogaram o premiado jogo da Naughty Dog já era bem esperado.

O episódio começa em 1968, com trechos de uma entrevista com dois epidemiologistas sobre a possibilidade de uma pandemia global, uma breve piscadela da série para a situação que vivemos desde 2020 com a pandemia de Covid-19; um dos epidemiologistas se preocupa com a propagação de um vírus, mas o outro diz que os fungos são o verdadeiro perigo. Com essa abertura, o criador Craig Mazin (que dirige o primeiro episódio) constrói a história por trás do desconhecido vírus que atuará como catalisador para o caos que veremos logo após e preparando o cenário perfeitamente para os que estão vindo de paraquedas para série dando um contexto pandêmico muito identificável.

O episódio salta para 26 de setembro de 2003, em Austin, Texas, onde vemos Sarah (interpretada por Nico Parker) no dia do aniversário de seu pai Joel (interpretado por Pedro Pascal), que nem parece se importar com o dia, já que ele vai trabalhar em turno dobrado no trabalho com seu irmão Tommy (interpretado por Gabriel Luna). Nós vimos Sarah indo para escola, levando o relógio de Joel para o conserto e todos esses momentos há um movimento estranhos de carros de polícia e SWAT passando rapidamente, ela vá visitar a casa de seus vizinhos, Sr. e a Sra. Adler e sua parente idosa que sofre de demência, mas está meio estranha no momento. Sarah está de costas enquanto escolhe um DVD, a velhinha começa a ter uma convulsão ao estilo de um filme de terror. Mas quando uma Sarah alheia se vira da prateleira, a mulher parece normal novamente. Esse trecho inicial oferece alguns minutos de tranquilidade antes da confusão iminente, e também por ampliar mais a personagem Sarah garantindo uma conexão mais profunda do espectador com ela antes do trágico acontecimento.

“Como podemos fazer com que você se importe com Sarah o máximo possível, para que você não apenas veja a perda de Joel, mas sinta uma perda como se estivesse torcendo por esse personagem que agora tiramos violentamente de vocês?”

Neil Druckmann, um dos criadores da série em entrevista para Entertainment Weekly

Quando a noite cai o caos começa a reinar, temos alguns vislumbres de cenas retiradas do jogo, tudo na visão de Sarah dentro de uma caminhonete com Joel e Tommy fugindo da confusão a primeira meia hora termina com uma das cenas mais emblemáticas do jogo, a morte da Sarah é de cortar o coração no jogo e a série conseguiu replicar a mesma sensação. É tão repentino e chocante como da primeira vez que você jogou ou assistiu – mas é ainda mais doloroso pela atuação de Pascal e pelos momentos inocentes que acabamos de passar com Sarah.

Saltamos novamente para 2023, uma Boston pós apocalíptica, o vírus fúngico se espalhou sem que a cura tenha sido encontrada as cidades estão em ruínas. Paredes fortemente protegidas cercam uma zona de quarentena – também conhecida como área onde vivem os sobreviventes – e a Agência Federal de Resposta a Desastres militares, ou FEDRA, está em seu comando de opressão. Há um toque de recolher estrito. A entrada ou saída não autorizada da Zona de Quarentena é punível com enforcamento público. Pelas placas nas paredes, podemos ver que os sintomas da infecção por Cordyceps são tosse, fala arrastada, espasmos musculares e mudança de humor. Quanto tempo leva para ser totalmente infectado depende de onde no corpo você foi mordido. Aqueles que são mordidos são mortos, seus corpos queimados como vimos com aquela criança recém-infectada que chega o QZ, e percebemos que uns dos que realizam a cremação é Joel, um pouco mais velho e se ainda batido com a morte da sua filha, e com seu relógio ainda quebrado desde da morte de Sarah e vive de trabalhos e bicos no mercado negro da QZ. A direção de arte é singela ao mostra a cidade em tons de marrons, verdes e cinzas desnaturando o local sinalizando um novo mundo cruel tomou seus habitantes.

Mais tarde, vemos o grafite dos Vaga-lumes em uma parede: “Quando você estiver na escuridão, procure a luz”, é nesse momento que conhecemos uma criança que pode ser a luz no fim dessa escuridão. Ellie (interpretada por Bella Ramsey), uma criança que nasceu ambiente e que nunca presenciou o mundo fora dos muros, daí que somos apresentados ao talento de Ramsey, ela se sai tão… bem, como qualquer adolescente faria naquela situação: mal-humorada, sarcástica e sem vontade de cooperar com os adultos. No entanto, há um pouco de vulnerabilidade em seu desempenho, sugerindo que há mais na Ellie do que aparenta ser. Também somos apresentados a Tess (interpretada por Anna Torv), a parceira de Joel nas missões, que brilha em uma cena de um interrogatório bem construída com subsequente fuga explosiva. Marlene, a líder dos Vaga-lumes, um grupo revolucionário contra a opressão da FEDRA (interpretada pela própria interprete no jogo, Merle Dandridge) surge exibindo toda dureza que se espera da personagem, mas também momentos de vulnerabilidade em relação a Joel e Ellie ao informá-los sobre a missão.


Também impressionantes são os cenários em que esses personagens estão que são idênticos ao ambientes dos jogos, com os guetos sujos e as ruas degradadas dando uma sensação tangível de lugar, onde a vida não é confortável há muito tempo; lojistas locais e vizinhos amigáveis ​​agora são substituídos por traficantes de drogas e militares armados. Um elemento que recebe espaço aqui e vai ser explorado ao longo da temporada,  os primeiros momentos de Ellie e Joel no mesmo ressinto serve como uma espiada em sua dinâmica: cheia de tensão e sem confiança, mas com uma vantagem divertida enquanto Ellie decifra com inteligência o código de rádio de Joel.

Marlene oferece um acordo à Tess e Joel para levarem Ellie para a State House, e eles conseguirão o transporte de que precisam para encontrar Tommy que Joel não recebe notícias há semanas, mas quando os três são pegos com um soldado que tenta escancear Ellie para ver se ela está infectada, até que ela esfaqueia ele. Joel se interpõe entre eles, tem um flashback da noite em que Sarah morreu e fica absolutamente louco com o cara e espanca o rosto do cara do FEDRA até a morte, Tess percebe que o medidor de Ellie está vermelho, indicando que ela está infectada, e ela diz que foi mordida há três semanas e ainda não se transformou.

O episódio termina com Joel, Tess e Ellie fugindo dos soldados da FEDRA, entrando nas ruínas do centro de Boston  em meio à escuridão aparentemente irreprimível – muito parecido com o relâmpago que cai no céu noturno acima, iluminando o caminho à frente, enquanto toca “Never Let Me Down Again” do Depeche Mode dizendo que coisas ruins estão por vir.

Com a recriação da primeira cena marcante do jogo, o primeiro episódio de The Last of Us estabelece uma ambientação de forma emocionante as bases para a porrada emocional que virá nessa jornada. Uma produção que consegue mesclar toda a essência do jogo com expansões que fazem bem a narrativa da série e agrada tantos os fãs quanto os marinheiros de primeira viagem. Um elenco a altura do jogo, uma direção de arte impecável (padrão de qualidade HBO) que nos joga em um mundo à beira do cataclismo antes de nos catapultar brilhantemente para as profundezas dele.

Emocionante, explosivo e arrebatador, “The Last Of Us” inicia sua jornada para ser a melhor produção baseada em videogames para o áudio visual (o que não é difícil).

The Last of Us é exibida aos domingos na HBO e na HBO Max às 23h.

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